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A pedido do Thiago, estamos postando este texto enviado pela Bruna Corrêa para ele, no final da nossa deliciosa temporada de Hamlet em POA. Em nome dele, agradecemos o carinho.

Equipe Digital Blá

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Bruna Corrêa 28 de maio de 2013 21:39

“Thiago,

não sei bem por onde começar. Não existe um começo, sou tua fã desde que me conheço por gente (tenho 18 anos, então não faz muito tempo, não). Lembro de assistir Terra Nostra ainda criança e de imitar o sotaque da Ana Paula Ambrósio falando contigo. Quer dizer, tu já é um ícone cultural pra mim desde pequena, principalmente porque sou gaúcha e tu já fizeste diversas adaptações cinematográficas e minisséries que se passaram aqui! Não sei se os outros estados sentem o mesmo (aposto que sentem), mas o RS nutre um apreço enorme pelos teus personagens, pelos sentimentos que nutres pelo nosso estado, pela tua carreira… tanto que muitos acham que tu és gaúcho! É porque tu és daquele tipo de pessoa que é, acima de tudo, brasileira, e que nutre por cada cultura uma certa simpatia, além de ser sociável e ser sempre tão querido com o teu público.

Resolvi te mandar essa mensagem depois da tua apresentação no Theatro São Pedro, interpretando Hamlet.

Thiago, eu nem sei o que te dizer, sinceramente.
Quando fui falar contigo, logo depois da peça, também não soube exatamente o que dizer.
Tem certas coisas que são difíceis de serem expressas em palavras.
Se tu pudesses ler meus pensamentos, eu poderia te mostrar o que eu quero dizer através de uma imagem mental ou da sensação que eu tive ao assistir a peça – e depois dela, principalmente.
E isso é impossível, infelizmente.
Mas vou tentar te explicar.

Eu me considero uma pessoa sensível. Geralmente as peças teatrais têm em mim uma repercussão de dias, semanas e meses. Ficam rodando na minha cabeça, inspirando-me, mudando minha visão sobre o mundo, emocionando-me diversas vezes. Tanto que, ao escrever isso, eu relembro de certas cenas extraordinárias da tua última peça, de algumas das falas (adaptadas), do modo como tu mudava a tua voz e te expressava com o corpo – extremamente ‘’cansado’’, melancólico, às vezes bruto, às vezes sensível, às vezes louco, às vezes completamente são, rancoroso no pensar e indeciso no fazer, mergulhado em questionamentos, ao mesmo tempo ocupado num plano de vingança, ao mesmo tempo mergulhado numa paixão, etc etc. Eu vi Hamlet ali, eu vi o Hamlet que eu imaginei desde pequena, quando li pela primeira vez, aos 12 anos. Nunca havia visto uma peça sobre a obra, e a tua me marcou imensamente.

A cena inicial, em que tu chegas com aquela roupa de carrasco, com aquelas luzes, aquele fundo, aquela música… aquele mistério, a sombra no rosto, o pouso das mãos… parecias uma caveira, um cavaleiro das trevas. Sinceramente, foi uma das cenas mais bonitas, ao meu ver.

E os outros atores, mesmo quando apenas figuravam as cenas, estavam sempre se mexendo, falando, gesticulando, sendo interessantes às suas maneiras, puxando para si parte da nossa atenção.

Era tudo tão mágico, tão intenso, tão belo… as falas, então, nem se fala! Mesmo as adaptações, os jogos de palavras, certas expressões modernizadas… puxa, tudo combinou! E além de dramática e de ter um certo ar gótico, ela ainda era extremamente engraçada!

Foi uma experiência visceral… ainda mais no Theatro S. P, que possui todo um histórico de eventos teatrais e é um patrimônio cultural da cidade.

Bom, Thiago, eu estudo no Colégio Militar de Porto Alegre, estou no terceiro ano do ensino médio. Já participei do Clube de Teatro do colégio, que fechou há dois anos. A gente chegou a fazer Romeu e Julieta, e foi uma sensação maravilhosa. Penso que a sensação de terminar uma temporada como essa, com uma resposta tão positiva do público e ainda por cima tendo a consciência de ter dado o seu melhor, deve ser extremamente prazerosa e relaxante, além de gratificante. Eu te saúdo de verdade, Thiago, porque a cada dia tu te consagras ainda mais como um excelente ator, como um dos melhores daqui, como alguém que consegue canalizar as emoções humanas, principalmente de personagens complexos (como Hamlet), que consegue passar ao público uma nudez emocional, toda uma subjetividade literária e torná-la compreensível (mais do que compreensível: palpável).

É incrível. Tu mostraste o coração do teu coração.

Senti que precisava te elogiar acerca disso. Tu mereces todo o sucesso do mundo, e eu desejo só o melhor para ti, tua família e amigos. És uma pessoa maravilhosa, foste super carinhoso e atencioso comigo, e por isso senti-me na obrigação de, ao menos, te prestar esses meus humildes agradecimentos. Continua sendo esse profissional humano, intenso, sensível e extremamente multifacetado que és e, assim que der, volta pro RS encenar, quem sabe, outras peças do Shakespeare – quem sabe Macbeth?

Um enorme abraço e, mais uma vez, meus parabéns pela atuação!

Bruna Corrêa, POA.”=” ‘>